A duplicação da RSC-287, do trevo do Aeroporto de Santa Maria até a BR-386, em Tabaí, deveria ficar pronta até 2042. A obra será feita pela concessionária Rota de Santa Maria. Mas uma nova condição foi colocada em questão. A duplicação poderia ser antecipada, ficando pronta daqui a seis anos, desde que seja aprovado aumento do valor dos pedágios que estão dispostos ao longo dos 204 quilômetros da rodovia.
Para os prefeitos da região, a proposta apresentada pela concessionária gera dúvidas. Porém, a maioria dos gestores ouvidos pela reportagem não se mostra contrária a algum reajuste dos pedágios em troca da antecipação da duplicação.
O estudo preliminar da concessionária que pretende aumentar o valor dos pedágios está previsto no contrato. Atualmente, há duas praças de cobrança a R$ 3,70. Outras três estão em construção. As novas praças ficam em Taquari, em Paraíso do Sul e em Santa Maria. As novas estruturas vão se somar às já existentes em Venâncio Aires e Candelária.
Nos valores atuais e considerando os cinco pedágios, uma viagem de ida a Porto Alegre irá custar R$ 37, valor que, a depender da proposta da Rota Santa Maria para duplicar a rodovia antes do prazo previsto em contrato, pode ficar ainda mais caro.
A atual concessão já gerou aumento nas despesas para os motoristas. Antes, quando havia apenas dois pedágios a R$ 7, viajar na RSC-287 custava R$ 28, ida e volta, valor R$ 19 mais barato.
Embora a duplicação seja importante para dar agilidade e segurança na rodovia, a possível elevação do preço pode trazer impactos negativos para quem usa frequentemente essa rota, e para os municípios da região. De acordo com o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e prefeito de Restinga Sêca, Paulo Salerno (MDB), a associação aguarda o estudo que será apresentado pela concessionária ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).
– Claro que se adiantar é bom. Mas, ao mesmo tempo, precisamos ter uma tarifa módica aos nossos cidadãos. Não podemos ter uma tarifa com valor muito elevado. Vamos esperar a apresentação do estudo para que tenhamos uma definição se a favor ou contra – afirma.
No mesmo sentido, o presidente da Associação dos Municípios da Região Central do Estado (AMCentro) e prefeito de São João do Polêsine, Matione Sonego (MDB), também aguarda a proposta de ajustes para emitir uma opinião.
– Sem dúvida que a melhor situação seria antecipar a duplicação sem alterar valores, mas não tive acesso à proposta para emitir um posicionamento oficial –pondera o prefeito.
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Uma questão que também se sobressai é a dos municípios da Quarta Colônia, dos quais os moradores frequentemente vêm a Santa Maria em função do Ensino Superior e dos serviços de saúde. Para o prefeito de Faxinal do Soturno, Clovis Alberto Montagner (Progressistas), a duplicação é um sonho para o centro do Estado.
– Para a população que faz constantemente este trajeto ficaria difícil se o valor do pedágio for muito elevado. A duplicação é uma necessidade, porém, é preciso que as autoridades e os demais envolvidos conversem para que se chegue a um acordo que seja justo também aos condutores – pondera.
Mesmo sem estar diretamente ligada com os trechos que vão ser duplicados, a cidade de Santiago também utiliza a RSC-287 para se deslocar à Capital. O prefeito Tiago Gorski Lacerda (Progressistas) comenta o assunto, mas destaca não estar a par da nova possibilidade:
– A rodovia é muito importante para toda a região. Quanto à tarifa, não tenho o que comentar porque não sei o valor atual nem quanto ficaria, caso aumente.
Ao Diário, o vice-prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (União Brasil), disse que é difícil ter uma posição concreta enquanto não houver a divulgação de quanto seria o aumento. Contudo, se fosse um valor um pouco menor do que o dobro da tarifa atual, de R$ 3,70, seria aceitável, diante dos ganhos que a região teria com a estrada totalmente duplicada até 2028.
O prefeito de Agudo, Luis Henrique Kittel (PL), contudo, não concorda com o aumento da tarifa. Para ele, como haverá cinco praças de pedágio, a concessionária teria de antecipar a duplicação, sem precisar subir o preço. Ele não concorda com um possível aumento do pedágio para compensar essa antecipação.
Questionado pela coluna se não deveria haver um movimento da região para exigir que o governo do Estado injetasse verbas para bancar a antecipação da duplicação, Kittel diz apoiar essa ideia, já que a atual gestão queria repassar cerca de R$ 500 milhões para as rodovias federais. Essa verba poderia ser aplicada na duplicação da RSC-287.
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Sugestão de prefeituras
Segundo o diretor-presidente da Rota de Santa Maria, Renato Bortoletti, a demanda teria surgido dos prefeitos e não da concessionária:
– Ouvimos, no decorrer da semana, alguns prefeitos sobre a questão da antecipação da duplicação da RSC-287 mediante reajuste da tarifa. Até protocolar isso com o poder concedente, não teria mais informações. Questões como prazo, valor e rito de aprovação caberão à Secretaria de Logística e Transportes do Estado avaliar. (Gabriel Marques)
Gabriel Marques, [email protected]
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